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Sexo: O que vale entre quatro paredes?
Eis um terreno
minado. Há os guardiões da moral e dos bons costumes, que afirmam que o
sexo entre casais cristãos deve ser recatado, limitando-se ao coito.
Entre esses, há os que sequer admitem a possibilidade dos cônjuges terem
algum tipo de preliminar, ou mesmo de variar as posições. Há ainda os
que vêem pecado até nos cônjuges verem a nudez um do outro. Isso tudo é
deprimente.
Por outro lado,
há a turma do vale-tudo. Esses só não dizem o que significa o “tudo” na
relação sexual, por não quererem expor o cônjuge a julgamentos
preconceituosos.
Entre um extremo e outro, é melhor ficar com o bom-senso.
Toda e qualquer tipo de carícia é bem-vinda na relação a dois, desde que não desrespeite o gosto do outro.
O critério para se adotar qualquer tipo de prática sexual entre casais
ligados pelo matrimônio é o bem-estar do outro. O outro vai dizer até
onde podemos ir com nossas carícias.
O Dr. Herbert J. Miles oferece o seguinte conselho com relação à intimidade entre marido e mulher:
“Nos relacionamentos humanos, no seio das
comunidades e na sociedade, o recato é a rainha das virtudes, mas na
intimidade do quarto nupcial, a portas fechadas, e na presença do puro
amor conjugal, não deve existir essa coisa chamada recato. O casal deve
ter liberdade de praticar tudo o que ambos desejarem fazer, que sirva
para conduzi-los à plena expressão de seu amor mútuo e a uma boa
experiência sexual. A essa altura, será bom darmos uma palavra de
advertência. As experiências praticadas devem ser de consentimento
mútuo, do marido e da esposa. Nenhum dos dois, em tempo algum, deve
forçar o outro a participar de atos que este não deseje. O amor não
coage a ninguém.”
Qualquer prática que depois de consumada, promova a sensação de se ter
usado alguém, ou se ter sido usado por alguém em vez de se ter amado e
sido amado, deve ser considerada nociva à relação, e por isso mesmo,
deve ser evitada.
Lembremo-nos de que o amor não busca seus próprios interesses. Nem tampouco se porta inconvenientemente.
No amor há respeito aos limites do outro.
O homem deve sempre levar em conta a fragilidade feminina, oferecendo-lhe carícias que respeitem seu gosto.
Há uma profunda ligação entre sexualidade e espiritualidade. Não são
departamentos diferentes. São, antes, esferas da existência humana, que
interferem uma na outra. A prova disso está na recomendação de Pedro aos
maridos:
“Igualmente, vós, maridos, vivei com elas
com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais frágil, e como
sendo elas herdeiras convosco da graça da vida, para que não sejam
impedidas as vossas orações”.
Dar honra a mulher é simplesmente preferir fazer as coisas do jeito
dela. Se ela se sentir desconfortável com algum tipo de carícia, o
marido deve ser suficientemente sensível para atender.
Homem e mulher devem compreender suas diferenças físicas, emocionais e
psicológicas. A mulher só poderá agradar ao marido, se reconhecer nele
um ser diferente dela, que tem suas próprias expectativas com relação ao
ato sexual. O mesmo se pode dizer do homem.
Por exemplo: o homem é estimulado por aquilo que vê, enquanto que a
mulher é estimulada por aquilo que ouve. Logo, para que promova a união
sexual entre o homem e a mulher, o Eros percorre caminhos diferentes.
O sentido principal do homem é a visão. Por isso Jesus fala sobre “olhar
a mulher alheia”. É pelos olhos que o homem se deixa envolver. Sabedora
disso, a mulher sábia deve procurar cuidar de seu corpo, vestir-se de
maneira atrativa, a fim de atrair o olhar de seu marido. É por não
compreender isso, que muitas mulheres, por causa de sua timidez,
preferem relacionar-se com seus maridos de luz apagada.
Nada mais deprimente para o homem do que chegar em casa, depois de um
dia de trabalho árduo, e encontrar sua amada cheirado a alho, com roupas
velhas, e bobs nos cabelos.
A mulher deve procurar preparar-se para receber o seu amado. Não é
pecado estimular o marido com um alinda camisola, jóias, perfumes.
Pecado é permitir que haja espaço a ser preenchido por outra.
O livro de Cantares, ou Cântico dos Cânticos, é um verdadeiro manual
para a vida sexual. Ali encontramos Salomão e Sulamita vivendo uma
história de amor e sedução.
Logo de cara, encontramos Sulamita, extasiada de amor, dizendo a seu amado:
“Beije-me ele com os beijos da sua boca;
pois melhor é o seu amor do que o vinho. Para cheirar são bons os teus
ungüentos; como ungüento derramado é o teu nome. Não admira que as
donzelas te amem!”
Nada mais estimulante ao homem do que perceber que sua amada está
desejando-o. Muitas mulheres têm dificuldade de demonstrar seu desejo ao
marido. Isso é frustrante. O homem não pode adivinhar o que a mulher
deseja, a menos que ela demonstre claramente. Repare que é Sulamita quem
toma a iniciativa. Ela é quem se aproxima e pede que seu marido lhe
beije. Isso é absolutamente sedutor. Todo homem aprecia quando a mulher
toma a iniciativa.
É claro que isso não deve ser entendido como um padrão. Tanto a mulher,
quanto o homem podem tomar a iniciativa, quando desejarem fazê-lo. O
problema é quando a mesma pessoa tem que tomar a iniciativa sempre.
Perceba também que ela não só lhe pede um beijo, mas o elogia. Ela mexe
com sua vaidade. Ela o chama de cheiroso. Em vez de demonstrar ciúmes,
ela dá razão às mulheres que o admiram. Isso o faz sentir o mais viril
dentre os homens.
Há mulheres que já começam a relação criticando o homem. É como um balde
de água fria. Não há virilidade que agüente. Tanto o homem quanto a
mulher precisam ser elogiados por seu parceiro.
Se a mulher não o elogiar, haverá quem o faça lá fora.
Observe que ela elogia o seu odor, e não a sua aparência.
Para a mulher, o olfato é mais importante do que a visão.
Se os homens soubessem disso, tratariam de tomar um bom banho assim que
chegassem em casa, em vez de se esparramar no sofá, com o pé cheio de
chulé.
O homem não quer a mulher cheirando a alho, mas a mulher também não o quer cheirando a suor.
Salomão, já seduzido pelo amor de sua esposa, responde:
“Formosa são as tuas faces entre os teus enfeites, o teu pescoço com os colares”.
Diferente do homem, a mulher é mais
estimulada por aquilo que ouve. Por isso, o marido não deve poupar
elogios à mulher. Falar de sua beleza, de seus atributos, de sua
formosura. “Como és formosa, ó amiga minha! Como és formosa!”, declara o amante apaixonado.
Só não se pode ficar nas palavras apenas. Porém, antes dos finalmente, os cônjuges devem dedicar algum tempo às preliminares.
Sulamita é quem sinaliza ao seu amado o que ela deseja que ele faça.
“A sua mão esquerda esteja debaixo da minha cabeça, e a sua mão direita me abrace”. Ela é quem diz onde quer ser tocada, acariciada.
Além da audição e do olfato, o sentido principal que estimula
sexualmente a mulher é o tato. Toda mulher precisa ser tocada, antes de
ser possuída.
Entre os toques, nenhum é mais importante do que o beijo. Por isso, ela
inicia o processo amoroso, pedindo que o seu amado lhe beije. Há casais
que já não se beijam há muito tempo.
Alguns não se beijam nem mesmo durante o intercurso sexual. O beijo faz com que a mulher se sinta amada, em vez de usada.
Por que, geralmente, as prostitutas não aceitam beijar os seus clientes?
Simplesmente porque, mesmo para elas, o beijo implica num envolvimento
emocional desnecessário. Qualquer relação sexual que não tenha beijo, dá
à mulher a impressão de estar sendo usada.
O beijo denota carinho, afeição, e, sobretudo, amor.
A mulher não quer sentir-se como um vaso sanitário onde o homem vai
realizar suas necessidades. Ela quer sentir-se amada. Ela quer que haja
romantismo, e não apenas sexo.
Os homens precisam aprender a ser românticos.
Para o homem, o sexo é um fim em si mesmo. Mas para a mulher, é apenas um meio. O objetivo principal da mulher é ser amada.
Para a mulher, o sexo começa pela manhã, na primeira palavra que ela
ouve do marido. Se ele trata-la asperamente ao acordar, dificilmente ela
estará disposta a ceder às suas fantasias à noite.
Cada gesto de carinho, por simples que seja, contribui para uma boa noite de amor para mulher.
Abrir a porta do carro, puxar a cadeira para que ela se sente, elogiar
sua roupa, pegar em sua mão enquanto dirige, são pequenos gestos capazes
de proporcionar momentos inesquecíveis de amor.
Já o homem precisa de estímulo visual.
A mulher vai receber do homem na mesma medida em que se der. E
vice-versa. Quanto mais ela prover ao homem o estímulo visual de que ele
precisa, mais coisas bonitas ela vai ouvir dele.
Confira o que diz Cantares:
“Como és formosa, amada minha! Como és
formosa! Os teus olhos são como os das pombas, e brilham através do teu
véu (...) Os teus lábios são como um fio de escarlate, a tua boca é doce
(...) O teu pescoço é como a torre de Davi (...) Os teus dois seios são
como dois filhos gêmeos da gazela, que se apascentam entre os lírios
(...) Tu és toda formosa, amada minha; em ti não há defeito”.
E que mulher não tem defeito? E o que dizer dos pneuzinhos, das rugas
(muitas vezes causadas por nós mesmos!), das celulites, das estrias? Não
é a toa que muitas mulheres preferem despir-se no escuro.
Quaisquer que sejam os defeitos são irrelevantes, aos olhos daquele que ama.
Não há mulher perfeita no mundo. Mesmo as modelos fotográficas precisam
de recursos do computador para esconder cicatrizes e estrias.
Entre a luz acesa ou apagada, que tal um abajur, com uma luz fraca, para
permitir ao marido ver pelo menos a silhueta da mulher amada?
No capítulo 7 ele descreve com mais pormenores a beleza de sua amada:
“Quão formosos são os teus pés nos
sapatos, ó filha do príncipe! As voltas das tuas coxas são como jóias,
trabalhadas por mãos de artista. O teu umbigo é como uma taça redonda a
que não falta bebida (esse Salomão já ta indo longe demais!). O teu
ventre é como monte de trigo, cercado de lírios. Os teus dois seios são
como dois filhos gêmeos da gazela. O teu pescoço é como a torre de
marfim. Os teus olhos são como as piscinas de Hesbom, junto à porta de
Bate-Rabim. O teu nariz é como a torre do Líbano (nariguda essa menina,
heim?), que olha para Damasco. A tua cabeça é como o monte Carmelo. Os
cabelos da tua cabeça são como a púrpura; o rei está preso pelas suas
transas. Quão formosa, e quão adorável és, ó amor em delícias”.
Salomão, completamente apaixonado e seduzido, diz:
“Tiraste-me o coração, minha imã, noiva minha; tiraste-me o coração com um dos teus olhos, com um colar do teu pescoço”.
Nada mais estimulante para o homem do que um olhar sedutor de sua
mulher. Pelos olhos, ela é capaz de arrancar o coração do seu amado. A
mulher quer sentir-se amada, protegida, querida.
O homem quer sentir-se desejado. E é pelo olhar que a mulher o faz
sentir assim. Um olhar travesso, cheio de boas intenções... Quem
resiste?
E como a mulher deve agir ao ser procurada? Como ele espera que ela
reaja? E se ele chega, e ela já está dormindo? E se ela teve um dia
cansativo?
O capítulo 5 de Cantares nos apresenta essa cena. Sulamita diz:
“Eu dormia, mas o meu coração velava.
Ouvi! A voz do meu amado, que está batendo: Abre-me, minha irmã, amada
minha, pomba minha, minha imaculada. A minha cabeça está cheia de
orvalho, os meus cabelos as gotas da noite. Já despi a minha túnica;
como a tornarei a vestir? Já lavei os meus pés; como os tornarei a
sujar? O meu amado meteu a sua mão pela fresta da porta, e as minha
entranhas estremeceram por amor dele. Eu me levantei para abrir ao meu
amado, e as minhas mãos destilavam mirra, os meus dedos gotejavam mirra
sobre a maçaneta da fechadura”.
Por incrível que pareça, isso está na Bíblia. Não há como ler esses versos e não se deixar tomar por imaginações...
Já no finalzinho do livro, Sulamita declara: “Assim tornei-me aos olhos dele como aquela que traz prazer”.
Muito mais do que ser a mãe de seus filhos, ou a dona de casa, ou mesmo a
companheira de ministério, o papel principal de uma mulher é ser
“aquela que traz prazer” ao seu marido. O mesmo pode ser dito acerca do
marido. Ele não é apenas o provedor do lar, nem mesmo apenas o cabeça da
família. Ele é aquele que proporciona prazer à sua amada.
Trecho do livro "Amor Radical", de nossa autoria, publicado pela MK.